sábado, 13 de novembro de 2010

Para os meus Amigos

Conheci muitas pessoas
Diria que pessoas demais
Diria que de tanto, eu quero mais
Com o peito cheio de estranheza
Sequer tive tempo de me traduzir
Pra que servem as coisas eu nem sei
Ainda não descobri
Inventei muitas histórias
Em algumas, eu até acreditei
Em algumas, eu até não concordei
Com a cara cheia de timidez
Sequer tive tempo de me ler pra alguém
Pra que eu sirvo eu nem sei
Ainda não descobri
Pouco a pouco vou virando criança
Diria que eu ando meio perdido
Diria que eu prefiro ficar sumido
Com os pés cheios de asas
Sequer tive tempo de dobrar as esquinas
Pra que serve o outro lado do horizonte eu nem sei
Ainda não descobri
Eu não sei ser só um
Nem sei ser gente direito
Nem sei o que as pessoas têm feito
Com o peito cheio de vento
Sequer tive tempo de procurar meu coração
Pra que serve um coração eu até sei
Mas como explicar
Eu ainda não descobri
Conheci poucas pessoas
Foram poucas as que eu realmente conheci
Foram suficientes guardando tantos segredos
Com a boca cheia de palavras, eu digo
Foram as únicas descobertas que eu fiz
Sentir isso nas minhas dúvidas me consola
Entre as descobertas sem sucesso
Isso me deixa feliz
  

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Terras Prorrompidas

Saí fora daquelas terras misantropas. Nem me pergunte o motivo. Eu não sei. Só não me caía bem essa colisão de ideais. Meu sonho mesmo sempre foi me atirar por entre os territórios prorrompidos. Lá que é bom. Lá é primeiro mundo. É pra lá que eu vou quando crescer. Dizem que os holofotes miram na cara de qualquer transeunte por aquelas bandas. Outros já comentam que até a natureza inveja aquela civilização. Ou que o dourado deles brilha mais. E por aí vai...

Duque Alguém e sua Frota de Palavras

Tendo um bom exército recrutado no vocabulário, não há nenhum limite imposto que ponha medo nas ideias. Se tem contigo as palavras, logo tem qualquer tralha nas mãos. Inventaram que a cabeça tem suas grades e fronteiras. Isso é mentira, tudo mentira. Agora ponha uma coleira no mundo é vá passear.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Meu Fim de Agosto

Sempre levo um choque quando me envolvo pelo menos em um pouquinho do íntimo de alguém. Parece que o meu mundo entra em curto com o da outra pessoa, não sei. Na minha história, eu sou o principal. Tudo gira a minha volta. As músicas foram feitas pra mim; Os carros cuspindo fumaça nas ruas foram feitos pra mim; As luzes lá de longe; O movimento repentino e nunca cansativo da cidade. Entra, então, como eu tava dizendo, o momento que eu descubro novas terras. Vejo que na cabeça da pessoa também gira um mecanismo. E essa pessoa também tem uma história. Só dela. Eu até já sabia disso, só que vivo esquecendo. Ah, não sei explicar..

Eu, Oposição e o Esboço

Dentre algumas tranqueiras
Que eu escondo nos miolos
Tem uma em especial
E até um tanto sutil
Minha oposição
De estimação
Somos eu, a coleira e o "não"
Uma arma e um beijo
Pra polir a mim mesmo
Vício, meu par desde parto
A moça e o moço
Ah, eu não passo de um esboço

Foragidos Poetas (13/03/09)

Somos belos poetas, arrumados poetas
De terno e gravata, com cigarros do lado
Declarações caladas
Certezas sempre incertas
Virando garrafas e tropeçando nos fatos
De leste a oeste, de Terra a espaço
Corsários e piratas, somos bruxos e fadas
Matamos por dinheiro e rezamos por esporte
Tememos a beijos e não tememos a morte
Somos espadas cruzadas e um pedido de paz
Com a corda no pescoço
Explosão de palavras
Mas como podem poetas, digo, arrumados poetas
Andarem largados de lapso a passo?
De cores perdidas a uma ilusão do fado?
Vivendo e fugindo do tapa da realidade
Foragidos nos livros
Armados a lápis

Aquele Menino Ali (27/01/10)

Sempre imprevisível, um contraste sensível
Preto ao branco, tonalidades e barrancos
Estilhaços de dias, panos costurados
Sob um sol cruel, marchando calado
Continências ao espelho, jurando ter amado
E sempre dentro de seus óculos escuros
Atua autoguerras, berrando em sussurros
Pra destrair os seus passos, sobre amores passeia
Fingindo saudade, por aventuras anceia
Difícil explicar, basicamente um menino
Nem louco, nem sóbrio
Somente franzino

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Minha Nova Ideologia

Percebi que viro outra coisa quando visto música
Já não sou mais humano
Tenho antenas e peito de aço
Tudo ao redor
Um mundo escasso
Sobre as cabeças, um violento contraste nas cores
Sirenes e rebelião
Uma espécie de mutação
A dança é a nova ideologia
Agarrada nas paredes e no atrativo da face
Oprimindo ao redor o azul dessa bola
Como se por todos, cada um ali ousasse
E isso sim faz sentido
Mais sentido que a religião
Mais sentido que os nossos valores
Só ali, eu enxergo uma nação
A independência e todo o resto
Que possa fazer de um ser humano, feliz
Só ali, naquela raiz

Analogia

Andei por aí caçando minha perfeita analogia
Algumas cachoeiras vomitando água abaixo
Morros verdes cochilando ao fim da tarde
Alguns enfeites no céu
Venus, Saturno ou Marte
Aquele vestido velho que jazia no guarda-roupa
Vesti
E me maquiei
Atirei meu corpo em tantos lugares
Que já nem sei se ele funciona bem
Fui eu, fui outro, fui alguém
Mas cadê a analogia?
Talvez na madrugada das praças
Se arrastando pra casa
Ou com a família
Cravada  por entre suas asas
Escondida num terno, estrangulada pela gravata
No meio do verde, no apogeu da mata
Pode ser que eu não tenha uma analogia só pra mim
Ou pode ser que sim...
Andei pensando em costurar cada rua que eu andei
A cada música que eu ouvi
Com cada momento que eu moldei
Somando mais algumas sucatas
Então, por acaso, acharei o meu paralelo
Agora só preciso
De uns pregos e martelo

Papo de Sempre

A cara da manhã é realmente inconfundível
Melhor dizendo
A cara da manhã é consequentemente inconfundível
Há algumas metralhadoras apontadas pra mim
Me rendo e sou levado pra tomar café
Entre as tropeçadas ainda bêbadas de sono
Procuro pelos cantos onde foi que deixei a minha fé
Encontro, visto
Olho no espelho, desisto
Arremesso prum lugar empoeirado
Onde há dezenas de fés amassadas
O porto da nostalgia
Se houvesse um sonar por ali
Sintonizaria a melancolia
Algumas horas fogem
E eu ainda encarando a paisagem
Permitindo, nesse meio tempo
Um espetáculo de miragens
Por entre meu olhar pro nada
Sempre correndo ideias
Aparentemente atrasadas
Se tivessem barba
Estaria mal-feita
Se usassem gravata
Estaria mal-posta

Porque Exijo Pessoas

Pessoas, em seus detalhes
Apaixonantes e nada além
Pessoas, só pessoas
E mais ninguém
Tantas cabeças
Cruzando mato e asfalto
Sonhando debaixo da água
Nas núvens, no alto
Pessoas amam, pessoas cantam
Pessoas sentem na carne
Pessoas martelam com seus olhares
Nesse estreito espaço
Que nos foi dado
Pessoas são um laço
Acorrentam segredos
São sentimento e verdade
Operários da vaidade
Pessoas têm fomes
Ideias e nomes
São tantas coisas
Que acabaram sendo pessoas
Pernas traçando esquinas
Sementes de dinastia
Alegria embriagada
Mas quando as pessoas
Descobrirem seu lugar
Projetarão-se ao invés de deuses
Bem lá em cima, no altar

Exijo Pessoas

Ainda vou descobrir quem levantou essas paredes
De tanta chuva, os tijolos já não têm aquela cor
Se eu, ao menos, pudesse escalar esse muro
Ou que, sem noção de critério, brotasse algum furo
E, num mecanismo em metal
(Com coisas que só vemos no futuro)
Me exilar em outro panorama
Mas nada de ilhas desertas
Poderia até mesmo enlouquecer...
Exijo Pessoas
Sou humano, tenho meus desejos e vontades
Meus crimes e vaidades
Quero uma passeata de sorrisos
Que de tão cansados de sorrir
Sorrirão arrastados
Pudera eu, pelo meu corpo
Tê-los maquiavelicamente arquitetados